Era Uma Vez & Afins


  • Um Conto Sobre União- Ana Teresa Gomes
  • Papai o que é  Páscoa - Luis Fernando Veríssimo
  • O Rouxinol e a Rosa - Oscar Wilde 
  • Ser Feliz  é  uma decisão!
  • Torradas Queimadas.
  • A Pipa e a Flor - Rubem Alves 
  • A Pequena Alma e o Sol Neale Donald Walsch

(do mural de "rosa" -Vivi)

A Pequena alma e o Sol.

Era uma vez, em tempo nenhum, uma Pequena Alma que disse a Deus: — Eu sei quem sou!

E Deus disse: — Que bom! Quem és tu? 

E a Pequena Alma gritou: — Eu sou Luz

E Deus sorriu. — É isso mesmo! — exclamou Deus. — Tu és Luz!

A Pequena Alma ficou muito contente, porque tinha descoberto aquilo que todas as almas do Reino deveriam descobrir.

— Uauu, isto é mesmo bom! — disse a Pequena Alma.

Mas, passado pouco tempo, saber quem era já não lhe chegava. A pequena Alma sentia-se agitada por dentro, e agora queria ser quem era. Então foi ter com Deus (o que não é má idéia para qualquer alma que queira ser Quem Realmente É) e disse:

— Olá Deus! Agora que sei Quem Sou, posso sê-lo?

E Deus disse: — Quer dizer que queres ser Quem já És?

— Bem, uma coisa é saber Quem Sou, e outra coisa é sê-lo mesmo. Quero sentir como é ser a Luz! — respondeu a pequena Alma.

— Mas tu já és Luz — repetiu Deus, sorrindo outra vez. 

— Sim, mas quero senti-lo! — gritou a Pequena Alma.

— Bem, acho que já era de esperar. Tu sempre foste aventureira — disse Deus com uma risada. Depois a sua expressão mudou. — Há só uma coisa...

- O quê? — perguntou a Pequena Alma.

— Bem, não há nada para além da Luz. Porque eu não criei nada para além daquilo que tu és; por isso, não vai ser fácil experimentares- te como Quem És, porque não há nada que tu não sejas.

— Hã? — disse a Pequena Alma, que já estava um pouco confusa.

— Pensa assim: tu és como uma vela ao Sol. Estás lá sem dúvida. Tu e mais milhões, ziliões de outras velas que constituem o Sol. E o Sol não seria o Sol sem vocês. “Não seria um sol sem uma das suas velas... e isso não seria de todo o Sol, pois não brilharia tanto. E no entanto, como podes conhecer-te como a Luz quando estás no meio da Luz — eis a questão”.

— Bem, tu és Deus. Pensa em alguma coisa! — disse a Pequena Alma mais animada.

Deus sorriu novamente. — Já pensei. Já que não podes ver-te como a Luz quando estás na Luz, vamos rodear-te de escuridão — disse Deus.

— O que é a escuridão? perguntou a Pequena Alma.

— É aquilo que tu não és — replicou Deus.

— Eu vou ter medo do escuro? — choramingou a Pequena Alma.

— Só se o escolheres. Na verdade não há nada de que devas ter medo, a não ser que assim o decidas. Porque estamos a inventar tudo. Estamos a fingir.

— Ah! — disse a Pequena Alma, sentindo-se logo melhor.

Depois Deus explicou que, para se experimentar o que quer que seja, tem de aparecer exatamente o oposto.

— É uma grande dádiva, porque sem ela não poderíamos saber como nada é — disse Deus — Não poderíamos conhecer o Quente sem o Frio, o Alto sem o Baixo, o Rápido sem o Lento. Não poderíamos conhecer a Esquerda sem a Direita, o Aqui sem o Ali, o Agora sem o Depois. E por isso, — continuou Deus — quando estiveres rodeada de escuridão, não levantes o punho nem a voz para amaldiçoar a escuridão. “Sê antes uma Luz na escuridão, e não fiques furiosa com ela. Então saberás Quem Realmente És, e os outros também o saberão. Deixa que a tua Luz brilhe tanto que todos saibam como és especial!”

— Então posso deixar que os outros vejam que sou especial? — perguntou a Pequena Alma.

— Claro! — Deus riu-se. — Claro que podes! Mas lembra-te de que “especial” não quer dizer “melhor”! Todos são especiais, cada qual à sua maneira! Só que muitos esqueceram-se disso. Esses apenas vão ver que podem ser especiais quando tu vires que podes ser especial!

— Uau — disse a Pequena Alma, dançando e saltando e rindo e pulando. — Posso ser tão especial quanto quiser!

— Sim, e podes começar agora mesmo — disse Deus, também dançando e saltando e rindo e pulando juntamente com a Pequena Alma — Que parte de especial é que queres ser?

— Que parte de especial? — repetiu a Pequena Alma. — Não estou a perceber.

— Bem, — explicou Deus — ser a Luz é ser especial, e ser especial tem muitas partes. É especial ser bondoso. É especial ser delicado. É especial ser criativo. É especial ser paciente. Conheces alguma outra maneira de ser especial?

A Pequena Alma ficou em silêncio por um momento. — Conheço imensas maneiras de ser especial! — exclamou a Pequena Alma — É especial ser prestável. É especial ser generoso. É especial ser simpático. É especial ser atencioso com os outros.

— Sim! — concordou Deus — E tu podes ser todas essas coisas, ou qualquer parte de especial que queiras ser, em qualquer momento. É isso que significa ser a Luz.

— Eu sei o que quero ser, eu sei o que quero ser! — proclamou a Pequena Alma com grande entusiasmo. — Quero ser a parte de especial chamada “perdão”. Não é ser especial alguém que perdoa?

— Ah, sim, isso é muito especial, assegurou Deus à Pequena Alma.

— Está bem. É isso que eu quero ser. Quero ser alguém que perdoa. Quero experimentar- me assim — disse a Pequena Alma.

— Bom, mas há uma coisa que devias saber — disse Deus.

A Pequena Alma já começava a ficar um bocadinho impaciente. Parecia haver sempre alguma complicação.

— O que é? — suspirou a Pequena Alma.

— Não há ninguém a quem perdoar.

— Ninguém? A Pequena Alma nem queria acreditar no que tinha ouvido.

— Ninguém! — repetiu Deus. Tudo o que Eu fiz é perfeito. Não há uma única alma em toda a Criação menos perfeita do que tu. Olha à tua volta.

Foi então que a Pequena Alma reparou na multidão que se tinha aproximado. Outras almas tinham vindo de todos os lados — de todo o Reino — porque tinham ouvido dizer que a Pequena Alma estava a ter uma conversa extraordinária com Deus, e todas queriam ouvir o que eles estavam a dizer. Olhando para todas as outras almas ali reunidas, a Pequena Alma teve de concordar. Nenhuma parecia menos maravilhosa, ou menos perfeita do que ela. Eram de tal forma maravilhosas, e a sua Luz brilhava tanto, que a Pequena Alma mal podia olhar para elas.

— Então, perdoar quem? — perguntou Deus.

— Bem, isto não vai ter piada nenhuma! — resmungou a Pequena Alma — Eu queria experimentar- me como Aquela que Perdoa. Queria saber como é ser essa parte de especial. E a Pequena Alma aprendeu o que é sentir-se triste.

Mas, nesse instante, uma Alma Amiga destacou-se da multidão e disse: — Não te preocupes, Pequena Alma, eu vou ajudar-te — disse a Alma Amiga.

— Vais? — a Pequena Alma animou-se. — Mas o que é que tu podes fazer?

— Ora, posso dar-te alguém a quem perdoares!

— Podes?

— Claro! — disse a Alma Amiga alegremente. — Posso entrar na tua próxima vida física e fazer qualquer coisa para tu perdoares.

— Mas porquê? Porque é que farias isso? — perguntou a Pequena Alma. — Tu, que és um ser tão absolutamente perfeito! Tu, que vibras a uma velocidade tão rápida a ponto de criar uma Luz de tal forma brilhante que mal posso olhar para ti! O que é que te levaria a abrandar a tua vibração para uma velocidade tal que tornasse a tua Luz brilhante numa luz escura e baça? O que é que te levaria a ti, que danças sobre as estrelas e te moves pelo Reino à velocidade do pensamento, a entrar na minha vida e a tornares-te tão pesada a ponto de fazeres algo de mal?

— É simples — disse a Alma Amiga. — Faço-o porque te amo.

A Pequena Alma pareceu surpreendida com a resposta.

— Não fiques tão espantada — disse a Alma Amiga — tu fizeste o mesmo por mim. Não te lembras? Ah, nós já dançamos juntas, tu e eu, muitas vezes. Dançamos ao longo das eternidades e através de todas as épocas. Brincamos juntas através de todo o tempo e em muitos sítios. Só que tu não te lembras. Já fomos ambas o Todo. Fomos o Alto e o Baixo, a Esquerda e a Direita. Fomos o Aqui e o Ali, o Agora e o Depois. Fomos o Masculino e o Feminino, o Bom e o Mau — fomos ambas a vítima e o vilão. Encontramo-nos muitas vezes, tu e eu; cada uma trazendo à outra a oportunidade exata e perfeita para Expressar e Experimentar Quem Realmente Somos.

— E assim, — a Alma Amiga explicou mais um bocadinho — eu vou entrar na tua próxima vida física e ser a “má” desta vez. Vou fazer alguma coisa terrível, e então tu podes experimentar- te como Aquela Que Perdoa. 

— Mas o que é que vais fazer que seja assim tão terrível? — perguntou a Pequena Alma, um pouco nervosa.

— Oh, havemos de pensar nalguma coisa — respondeu a Alma Amiga, piscando o olho. Então a Alma Amiga pareceu ficar séria, disse numa voz mais calma: — Mas tens razão acerca de uma coisa, sabes?

— Sobre o quê? — perguntou a Pequena Alma.

— Eu vou ter de abrandar a minha vibração e tornar-me muito pesada para fazer esta coisa não muito boa. Vou ter de fingir ser uma coisa muito diferente de mim. E por isso, só te peço um favor em troca.

— Oh , qualquer coisa, o que tu quiseres! — exclamou a Pequena Alma, e começou a dançar e a cantar: — Eu vou poder perdoar, eu vou poder perdoar! Então a Pequena Alma viu que a Alma Amiga estava muito quieta.

— O que é? — perguntou a Pequena Alma. — O que é que eu posso fazer por ti? És um anjo por estares disposta a fazer isto por mim!

— Claro que esta Alma Amiga é um anjo! — interrompeu Deus, — são todas! Lembra-te sempre: Não te enviei senão anjos. E então a Pequena Alma quis mais do que nunca satisfazer o pedido da Alma Amiga.

— O que é que posso fazer por ti? — perguntou novamente a Pequena Alma.

— No momento em que eu te atacar e atingir, — respondeu a Alma Amiga — no momento em que eu te fizer a pior coisa que possas imaginar, nesse preciso momento...

— Sim? — interrompeu a Pequena Alma — Sim?

A Alma Amiga ficou ainda mais quieta. — Lembra-te de Quem Realmente Sou.

— Oh, não me hei-de esquecer! — gritou a Pequena Alma — Prometo! Lembrar-me-ei sempre de ti tal como te vejo aqui e agora.

— Que bom, — disse a Alma Amiga — porque, sabes, eu vou estar a fingir tanto, que eu própria me vou esquecer. E se tu não te lembrares de mim tal como eu sou realmente, eu posso também não me lembrar durante muito tempo. E se eu me esquecer de Quem Sou, tu podes esquecer-te de Quem És, e ficaremos as duas perdidas. Então, vamos precisar que venha outra alma para nos lembrar às duas Quem Somos.

— Não vamos, não! — prometeu outra vez a Pequena Alma. — Eu vou lembrar-me de ti! E vou agradecer-te por esta dádiva — a oportunidade que me dás de me experimentar como Quem Eu Sou.

E assim o acordo foi feito. E a Pequena Alma avançou para uma nova vida, entusiasmada por ser a Luz, que era muito especial, e entusiasmada por ser aquela parte especial a que se chama Perdão. E a Pequena Alma esperou ansiosamente pela oportunidade de se experimentar como Perdão, e por agradecer a qualquer outra alma que o tornasse possível. E, em todos os momentos dessa nova vida, sempre que uma nova alma aparecia em cena, quer essa nova alma trouxesse alegria ou tristeza — principalmente se trouxesse tristeza — a Pequena Alma pensava no que Deus lhe tinha dito. Lembra-te sempre, — Deus aqui tinha sorrido — não te enviei senão anjos.

Neale Donald Walsch


A PIPA E A FLOR - Rubem Alves 

Poucas pessoas conseguiram definir tão bem os caminhos
do amor como Rubem Alves, numa fábula surpreendente,
cujos personagens são: 
uma pipa e uma flor.
A história começa com algumas considerações de um
personagem que deduzimos ser um velho sábio.
Ele observa algumas pipas presas aos fios elétricos e aos galhos das árvores e afirma que é triste vê-las assim,
porque as pipas foram feitas para voar.
Acrescenta que as pessoas também precisam ter
uma pipa solta dentro delas para serem boas.
Mas aponta um fator contraditório: para voar, a pipa tem que estar presa numa linha e a outra ponta da linha
precisa estar segura na mão de alguém.
Poder-se-ia pensar que, cortando a linha, a pipa pudesse
voar mais alto, mas não é assim que acontece.
Se a linha for cortada, a pipa começa a cair.
Em seguida, ele narra a história de um menino que
confeccionou uma pipa.
Ele estava tão feliz, que desenhou nela um sorriso.
Todos os dias, ele empinava a pipa alegremente.
A pipa também se sentia feliz e, lá do alto,
observava a paisagem e se divertia com as
outras  pipas que também voavam.
Um dia, durante o seu vôo, a pipa viu lá embaixo uma
flor e ficou encantada, não com a beleza da flor, porque
ela já havia visto outras mais belas, mas alguma coisa nos olhos da flor a havia enfeitiçado. Resolveu, então, romper a linha que a prendia à mão do menino e dá-la para a flor segurar. Quanta felicidade ocorreu depois!
A flor segurava a linha, a pipa voava; na volta, contava
para flor tudo o que vira. Acontece que a flor começou a
ficar com inveja e ciúme da pipa. Invejar é ficar infeliz
com as coisas que os outros têm e nós não temos;
ter ciúme é sofrer por perceber a felicidade do outro
quando a gente não está perto. A flor, por causa desses
dois sentimentos, começou a pensar: se a pipa me amasse
mesmo, não ficaria tão feliz longe de mim... Quando a pipa voltava de seu vôo, a flor não mais se mostrava feliz, estava sempre amargurada, querendo saber com quem a pipa estivera se divertindo. A partir daí, a flor começou a encurtar a linha, não permitindo à pipa voar alto. Foi encurtando a linha, até que a pipa só
podia mesmo sobrevoar a flor.
Esta história, segundo conta o autor, ainda não terminou
e está acontecendo em algum lugar neste exato momento.
Há três finais possíveis para ela:

1 - A pipa, cansada pela atitude da flor, resolveu romper a linha e procurar uma mão menos egoísta.
2 - A pipa, mesmo triste com a atitude da flor, decidiu ficar, mas nunca mais sorriu.
3 - A flor, na verdade, era um ser encantado.
O encantamento quebraria no dia em que ela visse a
felicidade da pipa e não sentisse inveja nem ciúme.
Isso aconteceu num belo dia de sol e a flor se transformou numa linda borboleta e as duas voaram juntas.
 




Torradas Queimadas 
(Peguei no face de 'Rosa- Márcia')
Quando eu ainda era um menino, ocasionalmente, minha mãe gostava de fazer um lanche, tipo café da manhã, na hora do jantar. E eu me lembro especialmente de uma noite, quando ela fez um lanche desses, depois de um dia de trabalho muito duro.

Naquela noite, minha mãe pôs um prato de ovos, linguiça e torradas bastantes queimadas, defronte ao meu pai.
Eu me lembro de ter esperado um pouco, para ver se alguém notava o fato. Tudo o que meu pai fez foi pegar a sua torrada, sorrir para minha mãe e me perguntar como tinha sido o meu dia na escola.

Eu não me lembro do que respondi, mas me lembro de ter olhado para ele lambuzando a torrada com manteiga e geleia e engolindo cada bocado.

Quando deixei a mesa naquela noite, ouvi minha mãe se desculpando por haver queimado a torrada. E eu nunca esquecerei o que ele disse:

" - Adorei a torrada queimada..."

Mais tarde, naquela noite, quando fui dar um beijo de boa noite em meu pai, eu lhe perguntei se ele tinha realmente gostado da torrada queimada. Ele me envolveu em seus braços e me disse:

" - Companheiro, sua mãe teve um dia de trabalho muito pesado e estava realmente cansada... Além disso, uma torrada queimada não faz mal a ninguém. A vida é cheia de imperfeições e as pessoas não são perfeitas.
E eu também não sou o melhor marido, empregado, ou cozinheiro, talvez nem o melhor pai, mesmo que tente todos os dias! O que tenho aprendido através dos anos é saber aceitar as falhas alheias, escolhendo relevar as diferenças entre uns e outros é uma das chaves mais importantes para criar relacionamentos saudáveis e duradouros. Desde que eu e sua mãe nos unimos, aprendemos, os dois, a suprir as falhas um do outro. Eu sei cozinhar muito pouco, mas aprendi a deixar uma panela de alumínio brilhando. Ela não sabe usar a furadeira, mas após minhas reformas, ela faz tudo ficar cheiroso, de tão limpo. Eu não sei fazer uma lasanha como ela, mas ela não sabe assar uma carne como eu. Eu nunca soube fazer você dormir, mas comigo você tomava banho rápido e sem reclamar. A soma de nós dois monta o mundo que você recebeu e que te apoia, eu e ela nos completamos.
Nossa família deve aproveitar este nosso universo enquanto temos os dois presentes. Não que mais tarde, no dia em que um partir este mundo vá desmoronar, não vai não! Novamente teremos que aprender e nos adaptar para fazer o melhor. De fato, poderíamos estender esta lição para qualquer tipo de relacionamento: entre marido e mulher, pais e filhos, irmãos, colegas e com amigos. Então filho, se esforce, para ser sempre tolerante, principalmente com quem dedica o precioso tempo da vida a você e ao próximo."

"As pessoas sempre se esquecerão do que você lhes fez ou do que lhes disse. Mas nunca esquecerão o modo pelo qual você as fez se sentir."



Ser Feliz é Uma Decisão!
Uma senhora de 92 anos, delicada, bem vestida, com o cabelo bem penteado e um semblante calmo, precisou se mudar para uma casa de repouso.

Seu marido havia falecido recentemente e a mudança se fez necessária, pois ela era deficiente visual e não havia quem pudesse ampará-la em seu lar.

Uma neta dedicada a acompanhou.
Após algum tempo aguardando pacientemente na sala de espera, a enfermeira veio avisá-las que o quarto estava pronto.
Enquanto caminhavam, lentamente, até o elevador, a neta, que já havia vistoriado os aposentos, fez-lhe uma descrição visual de seu pequeno quarto, incluindo as flores na cortina da janela.
A senhora sorriu docemente e disse com entusiasmo: Eu adorei!
Mas a senhora nem viu o quarto... Observou a enfermeira.
Ela não a deixou continuar e acrescentou:
A felicidade é algo que você decide antes da hora. Se eu vou gostar do meu quarto ou não, não depende de como os móveis estão arranjados, e sim de como eu os arranjo em minha mente.
E eu já me decidi gostar dele...
E continuou: é uma decisão que tomo a cada manhã quando acordo. Eu tenho uma escolha, posso passar o dia na cama remoendo as dificuldades que tenho com as partes de meu corpo que não funcionam há muito tempo, ou posso sair da cama e ser grata por mais esse dia.
Cada dia é um presente, e meus olhos se abrem para o novo dia das memórias felizes que armazenei...
A velhice é como uma conta no banco, minha filha... De onde você só retira o que colocou antes.
Comece, sem demora, a depositar felicidade na conta do banco das suas lembranças, para poder resgatar sempre que desejar.
Autor desconhecido
Enviada por: Edeli Arnaldi



Publicação de 'Rosa-Janaína' no Face Book 
O ROUXINOL E A ROSA
De Oscar Wilde

Era uma vez, um rouxinol que vivia em um jardim. No jardim havia uma casa, cuja janela se abria todas as manhãs. Na janela, um jovem, comia pão, olhando as belezas do jardim. Sempre deixava cair farelos de pão, sobre a janela. O rouxinol comia os farelos, acreditando que o jovem os deixava de propósito para ele. Assim criou um grande afeto, pelo jovem que se importava em alimentá-lo, mesmo com migalhas. O jovem um dia se apaixonou. Ao se declarar a sua amada, ela disse que só aceitaria seu amor, se como prova, ele desse a ela, na manhã seguinte, uma rosa vermelha. O jovem percorreu todas as floriculturas da cidade, sua busca foi em vão, não encontrou nenhuma rosa para ofertar a sua amada. Triste, desolado, o jovem foi falar com o jardineiro da casa onde vivia. O jardineiro explicou a ele, que poderia presenteá-la com petúnias, violetas, cravos, menos rosas. Elas estavam fora de época, era impossível consegui-las, naquela estação. O rouxinol, que escutara a conversa, ficou penalizado pela desolação do jovem, teria que fazer algo para ajudar seu amigo, a conseguir a flor. Assim, a ave procurou o deus dos pássaros que assim falou:
-- Na verdade, você pode conseguir uma rosa vermelha para teu amigo, mas o sacrifício é grande, e pode custar-lhe a vida!
-- Não importa respondeu a ave. O que devo fazer?
-- Bem, você terá que se emaranhar em uma roseira, e ali cantar a noite toda, sem parar, o esforço é muito grande, seu peito pode não agüentar.
-- Assim farei, respondeu a ave, é para a felicidade de um amigo!
Quando escureceu, o rouxinol se emaranhou em meio a uma roseira, que ficava frente à janela do jovem.
Ali, se pôs a cantar, seu canto mais alegre, precisava caprichar na formação da flor.
Um grande espinho começou a entrar no peito do rouxinol, quanto mais ele cantava, mais o espinho entrava em seu peito. O rouxinol não parou, continuou seu canto, pela felicidade de um amigo, um canto que simbolizava gratidão, amizade. Um canto de doação, mesmo que fosse da própria vida!
Do peito da pobre ave, começou a escorrer sangue, que foi se acumulando sobre o galho da roseira, mas ela não se deteve nem se entristeceu.
Pela manhã, ao abrir a janela, o jovem se deteve diante da mais linda rosa vermelha, formada pelo sangue da ave, nem questionou o milagre, apenas colheu a rosa.
Ao olhar o corpo inerte da pobre ave, o jovem disse:
-- Que ave estúpida! Tendo tantas árvores para cantar, foi se enfiar justamente em meio à roseira que tem espinhos, pelo menos agora dormirei melhor, sem ter que escutar seu canto chato.

Moral da História: Cada um dá o que tem em seu coração. Cada um recebe com o coração que tem.



(Recebi por email, de uma amiga, Rosa-Ângela)
 -Papai, o que é Páscoa?
-Ora, Páscoa é... bem... é uma festa religiosa!
-Igual ao Natal?
-É parecido. Só que no Natal comemora-se o nascimento de Jesus, e na Páscoa, se não me engano, comemora-se a sua ressurreição.
-Ressurreição?
-É, ressurreição. Carmen, vem cá!
-Sim?
-Explica pra esse garoto o que é ressurreição pra eu poder ler o meu jornal.
-Bom, meu filho, ressurreição é tornar a viver após ter morrido. Foi o que aconteceu com Jesus, três dias depois de ter sido crucificado. Ele ressuscitou e subiu aos céus. Entendeu?
-Mais ou menos... Mamãe, Jesus era um coelho?
-O que é isso menino? Não me fale uma bobagem dessas! Coelho! Jesus Cristo é o Papai do Céu ! Nem parece que esse menino foi batizado! Jorge, esse menino não pode crescer desse jeito, sem ir numa missa pelo menos aos domingos. Até parece que não lhe demos uma educação cristã! Já pensou se ele solta uma besteira dessas na escola ? Deus me perdoe ! Amanhã mesmo vou matricular esse moleque no catecismo!
-Mamãe, mas o Papai do Céu não é Deus?
-É filho, Jesus e Deus são a mesma coisa. Você vai estudar isso no
 catecismo. É a Trindade. Deus é Pai, Filho e Espírito Santo.
-O Espírito Santo também é Deus?
-É sim.
-E Minas Gerais?
-Sacrilégio!!!
-É por isso que a ilha de Trindade fica perto do Espírito Santo?
-Não é o Estado do Espírito Santo que compõe a Trindade, meu filho, é o Espírito Santo de Deus. É um negócio meio complicado, nem a mamãe entende direito. Mas se você perguntar no catecismo a professora explica tudinho!
-Bom, se Jesus não é um coelho, quem é o coelho da Páscoa?
-Eu sei lá! É uma tradição. É igual a Papai Noel, só que ao invés de
 presente ele traz ovinhos.
-Coelho bota ovo?
-Chega! Deixa eu ir fazer o almoço que eu ganho mais!
-Papai, não era melhor que fosse galinha da Páscoa?
-Era... era melhor,sim... ou então urubu.
-Papai, Jesus nasceu no dia 25 de dezembro, né? Que dia ele morreu?
-Isso eu sei: na Sexta-feira Santa.
-Que dia e que mês?
-Sabe que eu nunca pensei nisso? Eu só aprendi que ele morreu na Sexta-feira Santa e ressuscitou três dias depois, no Sábado de Aleluia.
-Um dia depois!
-Não três dias depois.
-Então morreu na Quarta-feira.
-Não, morreu na Sexta-feira Santa... ou terá sido na Quarta-feira de Cinzas?
Ah, garoto, vê se não me confunde! Morreu na Sexta mesmo e ressuscitou no sábado, três dias depois! Como? Pergunte à sua professora de catecismo!
-Papai, porque amarraram um monte de bonecos de pano lá na rua?
-É que hoje é Sábado de Aleluia, e o pessoal vai fazer a malhação do Judas.Judas foi o apóstolo que traiu Jesus.
-O Judas traiu Jesus no Sábado?
-Claro que não! Se Jesus morreu na Sexta!!!
-Então por que eles não malham o Judas no dia certo?
-Ui...
-Papai, qual era o sobrenome de Jesus?
-Cristo. Jesus Cristo.
-Só?
-Que eu saiba sim, por quê?
-Não sei não, mas tenho um palpite de que o nome dele era Jesus Cristo
 Coelho. Só assim esse negócio de coelho da Páscoa faz sentido, não acha?
-Ai coitada!
-Coitada de quem?
-Da sua professora de catecismo!
Luiz Fernando Veríssimo



Um Conto Sobre União

Parte I (18/04/2011)


Maria ELisa (Palelartelisa)


Era uma vez um Reino Encantado que vivia sob a égide do amor incondicional, o amor que não julga, ou mesmo admira.
Nesse reino todos agiam em cooperação e alegria porque nada os afligia, viviam felizes, contribuíam nas atividades com dedicação, e caso não conseguissem realizar algo, nada lhes era cobrado. Nesse reino, todos, absolutamente todos, eram valorizados pelo que eram. Todos se sentiam muito amados e talvez por isso, havia demonstração de carinho por parte do Rei e dos súditos para com ele. O Rei Amoroso os protegia de tudo e de todos. E muitas vezes nem percebia que os superprotegia, pois os amava.

 E por longos anos foi assim, a harmonia conduzia tudo, nessa harmonia se realizavam, se uniam e, de certa forma, também se acomodavam. Passou-se um longo tempo e como na vida, tudo passa o que é ruim e o que é bom passa. Esse Reino do amor sucumbiu em função do seu governante ser acometido de grave doença e precisar se afastar, não sem antes ter procurado por todos os reinos vizinhos e também entre os seus, alguém que fosse capaz de substituí-lo, procurou e procurou, em longas e exaustivas jornadas, mas não encontrava alguém que considerasse capaz de realizar um bom trabalho.
O tempo corria, a doença evoluía e o Rei precisava se ausentar urgentemente, então indicou o governante que considerou mais capaz de entender o “seu povo” e proporcionar aquilo que mereciam. O Rei Amoroso retirou-se, nunca mais se ouviu falar dele, e em nenhum momento pode ele ser consultado.

(continua...)

Parte II (20/04/2011)

O novo governante chegou e rapidamente, quis “mostrar serviço”. Entendeu que faltava ordem e disciplina, ou a ordem que presenciou era muito diferente da ordem que gostaria de ver ali. Não sabemos por que os súditos nunca foram consultados, ouvidos sobre qualquer coisa que se relacionasse ao Reino, diferente do Rei Amoroso, que estava sempre reunido com todos. O novo Rei fez tudo à sua maneira, e conseguiu colaboradores, afinal sempre existem aqueles que querem estar no poder. Nomeou cada um de seus conselheiros da equipe real. E talvez, por receio ou temor, de não ser amado, como o rei anterior, esse novo rei tratou logo de arranjar um pedestal para se colocar bem alto e poder ver todos, de cima, queria vigiá-los

Com o tempo os súditos se aborreceram, alguns se afastaram para reinos próximos, outros permaneciam acreditando que um milagre dos céus pudesse mudar a situação. E quanto mais o tempo passava mais o reino entristecia e os súditos ficavam mais indignados, com as atitudes da equipe real e ficavam amedrontados, pois havia o temido EXÍLIO, com o qual eram ameaçados aqueles que não obedeciam às ordens do Rei ou da sua equipe. As reuniões foram extintas, não se falava mais sobre os problemas de forma a resolvê-los, não havia uma proximidade entre o Rei, a equipe real e os súditos, as festas felizes foram extintas também, havia apenas comemorações determinadas pelo Rei nas datas e locais que o Rei escolhia.

(continua...)

PARTE III (22/04/2011)

E o tempo foi passando, os súditos se acomodando, um ou outro levantava a bandeira da mudança, mas não era seguido pelos outros insatisfeitos e por isso até os revolucionários do reino se cansaram, pois, sozinhos, como mudar a situação?
Nas escolas, a coisa ainda era pior, ninguém podia abrir a boca para questionar. Não se exercia a arte da dúvida ou da crítica, estavam todos mudos, silenciados pelo medo de serem julgados, expulsos, reprovados.  As crianças não conseguiam aprender, apenas repetiam como papagaios, o que ouviam. Tornaram-se pessoas sem opinião, meros papagaios de conceitos. Os que ousavam questionar, já sabe, eram exilados.

Certo dia chegou um forasteiro, na verdade, alguém que conheceu o Rei anterior e o seu reinado, mas há muito tempo havia se mudado dali e por ali passava a fim de trocar umas palavras com o Rei Amoroso. Ficou sabendo das mudanças ocorridas e por ter viajado longo tempo preferiu descansar de longa jornada antes de pegar novamente a estrada. Pediu abrigo e foi muito bem acolhido pelo povo, que estava feliz em conhecer alguém que viveu nos tempos do Rei Amoroso.
O forasteiro foi ficando e ficando, aproveitando a hospitalidade, a boa conversa, afinal as pessoas naquele reino mostraram-se muito inteligentes, e com tempo, essas pessoas também ensinaram ao, hoje forasteiro, tudo que sabiam, pois, eram pessoas muito boas também, ensinaram tudo sobre a natureza, a arte da caça, etc, com isso foram ficando muito próximas ao forasteiro, já os consideravam um grande amigo, a ponto de se sentiram à vontade para falar sobre o temido e desalmado rei.

(continua...)

PARTE IV (24/04/2011)

Começaram com o falatório, cada uma que tivesse uma história diferente. O forasteiro ouvia tudo com muita paciência e indignação, já havia percebido algo estranho mesmo, mas ainda não tinha parado para entender “o quê”. A partir desse dia, passou longo tempo a observar, muito tempo mesmo, pois, queria encontrar uma resposta que resolvesse a situação de forma amorosa como havia aprendido com o Rei Amoroso.

Nos anos que se seguiram, o forasteiro ficou bastante atento a tudo, viu o Rei e a equipe real em ação, observou cuidadosamente a atitude de cada um dos súditos. Muitas vezes, viu um súdito questionar ou discutir, com razão, reivindicando algo e os outros, seus companheiros de condição, mesmo concordando que seu amigo estava certo, todos ficavam mudos, pareciam hipnotizados pelo medo, ou acovardados mesmo, não conseguiam abrir a boca e dizer um simples “concordo também” “gostaria de acrescentar” e os mais novos, então, foram treinados para temer! Ou seja, o povo que se pensava forte e unido não se reunia, entre eles, em seus propósitos, em suas almas. Conseguiam no máximo, falar sobre o assunto quando estavam todos bem longe do Rei.

O forasteiro presenciou o Reino se transformar no Reino do desdém e da reclamação inútil. Reino do “blá, blá, blá” inconsistente e ainda cheio de mágoas, más águas que inundaram todos os jardins, plantações e até a floresta. O povo teve que construir novas casas em cima de toras de madeira, para não se afogarem nas más águas. O Reino estava numa situação desoladora.
O forasteiro, cada vez mais desesperado, queria muito ajudar o povo que lhe acolheu tão bem, mas ainda não sabia como, será que adiantaria trocar o governante? Estava muito intrigado, a questão parecia bastante complexa.

(continua...)



PARTE V (26/04/2011)


Longo tempo se passou, e após muitas observações, nas ruas, nas aulas, nas festas. Após longas conversas com todos, inclusive com o Rei e sua equipe. Depois de ter visto e ouvido tudo e todos. Aconteceu...
Finalmente tinha uma conclusão e uma solução infalível, que poderia ser fácil ou difícil. Dependia de o grupo aceitar o que seria preciso fazer.

O forasteiro convocou toda população inclusive o Rei e a sua equipe, afirmando que precisava fazer um comunicado importante antes de ir embora. Toda população se reuniu, o Rei e a sua equipe estavam presentes, pois, sempre ouvia as pessoas de fora do Reino, acreditava que as pessoas “de fora” (e com certeza, não as “de dentro”) sempre tinham grande sabedoria e nesse caso até poderia estar certo.

Estavam todos, presentes, uma imensidão de gente fitando o forasteiro, curiosos sobre o motivo desse chamado, embora desconfiassem se tratar de uma solução para o problema das águas no Reino, pois, há muito tempo ele disse que iria tentar solucionar isso.
Em cada olhar uma esperança pelo chamado “milagre” que cairia dos céus.
O forasteiro começou:

(continua...)


PARTE VI  (29/04/2011)

Disse o forasteiro:
Após esse longo tempo, venho observando a vida aqui no Reino. Acredito, que estou aqui, não sem justo motivo.
Gente querida, vocês me receberam muito bem, aprendi muito em todos esses anos que estive aqui, mas, vejo um povo muito sofrido, tolhido, amedrontado, que não consegue desenvolver todo seu imenso potencial interno, desde muito tempo venho tentando encontrar uma resposta para tanto sofrimento. Confesso que me revoltei muitas vezes, acreditando que a “culpa” por toda essa infelicidade e pelo modo como todos levavam as suas vidas era do atual governo, mas, tive a oportunidade de também ser conhecido do Rei, freqüentei o palácio real, conversávamos muito e acreditem: o Rei, pensa está fazendo o melhor para o seu povo, e isso é um fato, sei que não há maldade em relação à forma como tem aplicado a Lei aqui no Reino, há sim, muito medo. Medo de errar, medo sobre o que os “outros” vão pensar caso pareça fraco ou falhe, pode haver também, necessidade de afirmação pessoal. E, principalmente, muita inexperiência em como ser um Rei, muita inexperiência em liderança, além de falta de trabalho interno, digamos, evolução pessoal para perceber tudo isso. Na, minha opinião, isso não significa que o Rei é mal, pode, no máximo, ser alguém que quer acertar, mas está indo pelo caminho errado.
Bem, durante todo esse tempo fiquei pensando em uma forma de ajudar, pensei muito sobre o que poderia fazer e lamento pelo que vou dizer, (após silêncio...) Não posso ajudá-los!!!

Houve um” zum zum zum” uma lamentação geral, o povo estava certo que haveria uma solução. Que o forasteiro finalmente iria tirar todos daquele sofrimento.

E então ele continuou:
Para tudo há um motivo e o aprendizado está disponível a todos que humildemente se colocarem como aprendizes na vida.
Sabem por que não posso ajudá-los?
Porque a solução está entre vocês!!!
Como? Perguntaram alguns.
Guerra?
Tomar o pode à força?
Fazer motim?
Passeata?
Um documento para o Reinado da Suprema corte?
Cada um que desse uma sugestão.

E o forasteiro disse:
Nada disso! E mesmo que fosse isso, porque não foi feito antes? O que lhes faltou?
O Rei, não é um simples culpado, Ele não tem maldade e também não agiu sozinho, não nesse caso.
A solução depende de vocês porque a mudança está na forma como vocês realizam a unidade aqui neste Reino.
O que é união prá vocês?
E todos calaram... Pararam para pensar.

(continua...)


PARTE VII - Épílogo (02/05/2011)

Depois de alguma reflexão...
Cada falou algo diferente. Definições muito belas.... As definições eram belas: “união é sentir o outro como irmão” dizia um, “união é saber o que o outro está pensando sem nem perguntar”, outra: “união é agente se apoiar, apoiar uns aos outros e...” O forasteiro “pegou o gancho”, e disse, então? Belas DEFINIÇÕES, DE-FI-NI-ÇÕES, repetindo: são belas essas definições... LERAM ONDE?

Houve um silêncio, o forasteiro esperava que fosse um silêncio da CONSCIÊNCIA, um silêncio do povo caindo em si.
Continuou. Como todos vocês acreditam que tem vivenciado essa palavra? Sim, não sei se vocês perceberam, mas a união aqui ainda é uma palavra doce e bela.
No reinado anterior ela parecia estar ativa, mas não estava, havia uma sensação de união porque os tempos eram outros, o governante era outro.
Observem a situação: o Rei, do alto de seu pedestal de insegurança, medo ou autoafirmação, acredita que estava fazendo um bem. E por outro lado todos vocês acreditam que são unidos e estão sendo vítimas de um algoz terrível. Ninguém tem idéia do que fazer, todos, colocam o problema fora e bem longe de cada um, ou melhor, perto, no Rei. Será que o Rei é o culpado? 
É certo que vocês não sabem como lidar com essa situação, nunca passaram por isso, não tem idéia sobre o que fazer, pois nunca estiveram em uma dificuldade assim, no outro reinado sentiam-se amados. E Nunca havia sido questionado, ou posto à prova o sentido de união. Então, parem para observar que situação é essa? Como vocês fizeram para estarem assim?

O que tenho a dizer é a minha conclusão. Fruto desses longos anos de observação e vocês têm todo direito de pensar diferente, peço apenas que ouçam com o coração e sejam verdadeiros para consigo mesmos.
Acredito que o que está sendo dado a vocês, é uma grande oportunidade de transformar essa palavra UNIÃO em ação. Em todos os sentidos.
Como puderam durante todo esse tempo ver seus semelhantes sendo humilhados, exilados sem justo motivo, simplesmente pelo medo de também sofrer punições, e se fossem todos exilados, não teria sido melhor? Pelo menos, estariam juntos, não teriam agido, sem querer, como traidores de si mesmos, e poderiam até buscar um novo Rei.
A união que vejo ser importante, não se trata da união do motim ou da luta armada, mas a união de pensamento, sentimento e ação, Todos estão unidos nas queixas. O governante se queixa dos súditos e os súditos de queixam do governante, em um Reino tão pequeno, onde todos se conhecem, isso deveria ser motivo de vergonha. Que fazem além de reclamar? Nada, ou melhor, se magoam.

É preciso mostrar que há amor, é preciso juntar as vozes para os esclarecimentos necessários, apoiar àquele que sugere o que você também concorda necessário. No Reinado anterior as pessoas eram ouvidas, valorizadas, bastava apenas um falar, e o Rei Amoroso os apoiava. Aqui, não é assim, vocês sabem disso. Mas quem pode com uma população unida, que sabe o que é justo e que por isso reivindicam juntos, na passividade e com amor?
Para conseguir ser amado, é preciso amar a seu próximo e agir em defesa desse próximo como gostaria que agissem em sua própria defesa, ou isso não é união?
CORAGEM! Vocês conseguirão! Com uma condição: SE QUISEREM.

(continua...)


PARTE VIII Final. 05/05/2011

Entendo que: muitas vezes, é mais fácil ficar só reclamando mesmo, colocando a culpa nos outros, nós muitas vezes precisamos, consciente ou inconscientemente, de um “algoz” para justificar a nossa incompetência diante das dificuldades da vida. Mas isso é passado, todos vocês estão sofrendo com isso. Por que preferem sofrer, se é possível transformar toda essa realidade? CORAGEM! Para ser feliz é preciso coragem. Sem medo ou receios. Acreditem no poder transformador da expressão da solidariedade e da tolerância, ajam com amor e tolerância com todos. Para mudar é preciso parar de se lamentar. Para mudar é preciso querer ser aquele que dirige a sua própria vida, e que bom fazer isso junto daqueles que pensam como nós.

Passou-se um longo período de silêncio.

De repente surgiram alguns aplausos tímidos até se tornarem ensurdecedores os aplausos e os gritos de vivas! Finalmente entenderam que até então não haviam colocado à prova o “exercício da União” a união existia no subjetivo e não na prática. Era chegado o momento da luta pacífica na implantação dos mais altos ideais de evolução. Só o Rei não estava entendendo nada, mas estava gostando de ver os seus súditos sorrindo prá ele (pensava), isso nunca havia acontecido.

E assim, todos começaram a abrir os olhos, e ver tudo do alto, com a visão da águia, cada um saiu de seu mundo pessoal e se viu fazendo parte de um grande teatro universal, onde todos têm um papel fundamental na evolução e viram que até a escolha do Rei Amoroso, fazia parte do programa. A escolha do sucessor foi perfeita para que se realizasse a implantação da união, tão essencial ao Reino para manutenção dos mais altos ideais de evolução.
 E assim, o rancor em relação ao Rei se dissipou, transformando-se em gratidão, internamente todos entenderam que estava ali, aquele que através das suas atitudes veio para ser o elemento que provoca a transformação. O Rei, mesmo sem saber, ou querer, estava ali para por à prova a expressão da unidade naquele grupo.
Até conseguiram dar boas risadas com a “peça” que a vida lhes pregara, pois o atual Rei era nesse caso o professor de união. Pode? Pode sim, de forma antagônica, a polaridade capaz de impulsionar a evolução. Da mesma forma que seria com os seus súditos, que o Rei aprenderia a governar!

E as más águas começaram a secar, o Forasteiro e todos estavam muito felizes, cada um estava consciente de sua missão: Implantar a união no Reino.
E a vida por ali seguiu por novos rumos, todos alertas, vigilantes de seus sentidos, para não saírem do sentido amoroso de suas missões. A cada desmando Real o grupo, ali mesmo, na presença do Rei ou da sua Equipe, se reunia abertamente, sugerindo amorosamente outro ponto de vista, todos juntos, apoiando-se mutuamente, completando frases e pensamentos, fazendo observações construtivas, com o foco na solução. A necessidade de estar certo, ou de ganhar uma discussão não existia mais. Todos estavam muito felizes por saberem-se contribuindo para a evolução, inclusive do Rei. 

Passado um tempo o Rei e sua equipe começaram a absorver o modo amoroso de seus súditos, e saíram do ataque. O Rei, antes, assim pensava, “quando não se tem argumentos, a melhor defesa é o ataque!”. Aos poucos os súditos iam fazendo o Rei perceber que, primeiro, não precisava amedrontá-los, eles não eram seus inimigos, segundo: todos tinham algo importante a ser dito e uma contribuição a oferecer, por isso todos deveriam ser ouvidos.

 “Somos todos irmãos” começou a ser o refrão entoado por todos. A qualquer sinal de desarmonia, todos paravam e respiravam, só assim, podiam continuar. As desarmonias foram muito poucas e pouco a pouco foram desaparecendo.  
Nas escolas, ruas, nos lares havia alegria, felicidade, união. A todos, era permitida a arte da dúvida e da crítica.

E nasceu o reinado da união. O amor que antes existia, virou rocha, e sobre ele, foi possível construir um grande Império onde se cultua e se pratica a sabedoria da união. Um exemplo para os Reinados vizinhos e para as futuras gerações.
E o Rei? Continua sendo o mesmo, por fora, quero dizer, é a mesma pessoa em seu aspecto físico, mas internamente é outro, desceu do pedestal do medo e da insegurança para simplesmente ouvir. De tanto ouvir ficou conhecido como Rei da Grande e Sábia Orelha, pois ouve tão bem que consegue tomar as decisões mais acertadas e até oferecer os melhores conselhos, agindo como um verdadeiro Rei, também porque aprendeu que os ideais de verdade, amor e justiça é que devem sempre nortear o coração de um líder.

O Forasteiro seguiu viagem e todos viveram felizes.
Até o próximo aprendizado.


A UNIÃO É A FORÇA MOTIVADORA E ATIVADORA DA VIDA EM SOCIEDADE. UNIDOS EM VALORES SUBLIMES SEREMOS CAPAZES DE REINVIDICAR AOS SOBERANOS OS DIGNOS DIREITOS DE UM POVO ELEITO PARA O NOVO CICLO.

CADA POVO TEM O GOVERNO QUE MERECE, PARA O ASPECTO HUMANO QUE NECESSITA DE EVOLUÇÃO.

Ana Teresa Gomes