Estava pensando em algo criativo, novo, interessante, para este início. Gostaria de escrever sobre coisas simples, conteúdos informativos, contribuindo com outra visão sobre antigos ou novos assuntos, algo para ser questionado, exercitando a arte da crítica e da dúvida.
Estava em dúvida...De repente veio algo: quem sabe, para esse início, o novo e criativo é comentar o cotidiano de uma forma que nos aproxime e nos faça perceber que temos sentimentos iguais, somos mulheres com as mesmas dúvidas, incertezas e certezas, em qualquer parte do planeta vivenciamos os mesmos sentimentos em contextos diferentes. Quem sabe, ‘por hoje’, o caminho novo e criativo seja a aceitação de si mesma.
Portanto, hoje aceito a insegurança. Neste momento, a única certeza é a necessidade de me lançar. A vontade de compartilhar, fazer um “Pow-Wow” de idéias, sentimentos, pensamentos e experiências, compartilhar verdades, compartilhar a certeza de nos sabermos únicas em nossa expressão de vida e tão iguais nos medos, dúvidas e inseguranças femininas, humanas. Estamos expostas ao desconhecido, entregues à beleza da vida, temos muito a realizar nesse mundo quando conseguirmos expressar a totalidade e a grandeza de nossa essência.
Temos o sagrado poder da geração de um ser, da plasmação da idéia, da valorização da vida, do mistério. O ideal divino de bondade, bem e beleza se manifesta através da mulher, e como diz Susanna McMahon em seu livro O Terapeuta de Bolso (por sinal, grande livro, não se iluda com o título aparentemente simplório) Se você não acredita substitua o conceito de Deus, pelo conceito de bondade. Se não acredita na bondade (...) de nada servirá o que aqui vai exposto. Nossa bondade, nossa capacidade de realização vem de nosso Deus interior e o nosso ideal de trabalho poderia ser o de servir à Ele, nesse grande palco que é a vida, impulsionando a evolução em todos os sentidos. De que nos serve viver se não for por um ideal de evolução do bem, bom e belo? Viver para cumprir horários? Pagar contas? Comprar e comprar...? Tudo isso é muito bom e faz parte de um viver saudável, mas seria apenas isso? Será apenas isso. Se isso lhe basta, e ponto.
Particularmente, acredito que potencialmente podemos fazer mais. Juntas, podemos descobrir o que, e como, afinal mesmo com todos os medos, inseguranças e incertezas a mulher atravessou desertos de incompreensões, mares de preconceitos, abismos de solidão até conseguir provar que “PODE” e que PODE MUITO, PODE o que quiser! Sabemos que ainda existem conquistas a serem realizadas, e para continuar a caminhada talvez tenha chegado o momento de baixar “as armas” e unir às conquistas externas, à valorização de si mesma.
Nos atendimentos como arteterapeuta, nesses poucos anos de consultório, conheci mulheres cheias de culpa, cheias de “tenho que”, infelizes sexualmente, que, mesmo comandando profissionalmente uma tropa de gente e sendo acertivas no seu gerenciamento profissional, em casa trabalhavam exaustivamente, e sexualmente falando, chegavam a fingir orgasmos! Mulheres com baixa autoestima, que não conseguiam delimitar o seu espaço sagrado, e que mesmo profissionalmente realizadas sempre diziam faltar algo, somatizando mágoas e ressentimentos, culpando as TPMs pelos destemperos na vida, culpando situações ou pessoas pela infelicidade. Podem ser uma minoria, mas existem! Este exemplo é apenas para ilustrar a falta de sintonia entre as conquistas externas e internas, para lembrar a necessidade de um olhar carinhoso para consigo mesma, e se possível fazer surgir, a necessidade de uma jornada para dentro, focando a construção da autoestima e da felicidade relacionada ao subjetivo da vida, para que as conquistas no mundo exterior sejam respaldadas pela nossa verdade, e vontade mais profunda, isso torna as conquistas transformadoras e com um potencial universal, pois, nesse caso, ganham o sentido de missão de vida. Abriremos o olhar para tudo, enxergaremos cada vez mais longe e do alto, teremos o olhar da águia e nos sentiremos merecedoras do bem. O processo de autoconhecimento nos proporciona isso, o homem, gênero masculino mesmo, antes visto como um adversário, um inimigo a ser derrotado será acolhido como um amigo, como um parceiro, com valores complementares aos nossos e finalmente caminharemos lado a lado.
A complementariedade, os opostos vibram na essência da natureza e proporcionam a expressão da vida. Há dualidade, e a dualidade é que impulsiona a evolução de tudo. O atrito dos pólos gerando uma terceira coisa, como fator equilibrante.
A mulher vivenciando os seu valores internos pode realizar uma transformação social digna de um tão anunciado novo ciclo.