Lidando com o luto



Ainda ontem Juju (minha pequena de 8 anos) fez mais um poema para Aurora, até agora foram 21 poemas. Foi assim que ela lidou com o luto. No início me preocupei com aquele pingo de gente todas as noites à janela lançando seus poemas ao vento (para que Aurora pegasse) e conversando até tarde da noite, mas resolvi esperar e observar silenciosamente. Aos poucos ela foi diminuindo os dias, organizadamente, estipulou 4 vezes na semana e depois acertou “com Aurora” que conversaria com ela até o término das férias. Hoje será seu último dia à janela.  As aulas começam na segunda. Agora ela está bem. Aurora se tornou uma lembrança boa, uma energia boa no parquinho que freqüentamos e a estrela mais brilhante do céu.
Cada um tem seu jeito de lidar com o luto, para cada luto e pessoa uma forma e um tempo diferente. O importante mesmo é assumir o sofrimento e encontrar uma forma de canalizá-lo. DRENAR pode ser uma palavra mais adequada. Drena-se a dor e fica uma lembrança viva de um jeito que não machuca tanto.
Morte de bichos de estimação, perdas diversas, relacionamentos que se desgastam, a perda de entes queridos, até uma forma de ser que abandonamos. Tudo isso gera um tipo de luto que precisa ser vivido. É necessário um tempo para despedir-se. É importante estar disposto a retomar a vida de outra forma. Os pequenos e os grandes lutos nos preparam para momentos de mudança, mas nunca estaremos preparados para perder aqueles que amamos.
Desejo força e capacidade de recuperação à todos que de alguma forma sofrem algum tipo de luto. Que o poder da bondade preencha o coração e ajude a iluminar a mente para que encontrem caminhos e consigam retomar a vida de onde ela aparentemente parou.