Hoje passei por uma situação constrangedora ao falar algo na tentativa de ajudar uma pessoa. Na verdade a minha intenção era apenas incentivar e talvez conseguir mudar o referencial daquela pessoa para ajudar na tarefa que ela estava desempenhando. E a situação parecia leve, não havia nenhuma pressão de trabalho envolvida, muito pelo contrário, pode-se dizer que era um momento de descontração, numa atividade física.
Então, ao ouvir dessa pessoa a frase: “É difícil!” e “Não consigo!”, já sabem... Eu, “do alto” da minha necessidade de abrir a boca e falar que é melhor usar palavras positivas, não podia ter ficado calada, e disse: “comece dizendo que é fácil” (como quem diz: “mude o seu padrão mental para algo mais positivo, assim você pode até aprender mais rápido).
Aliás, devia, devia ter ficado calada. Mas se tivesse me calado agora não estaria escrevendo essas linhas... Enfim, a pessoa como todas nós fazemos, pelo menos de vez em quando, começou a se defender dizendo que acha difícil, mas que não desiste, que gosta de desafios, e ficou a falar de como gostava de desafios e justificando porque não conseguia acertar, ou seja, não entendeu talvez o motivo do meu comentário, então após um tempo, cheguei mais perto e justifiquei: “Entendi que você é uma pessoa persistente, que encara as dificuldades e gosta de desafios. Estava querendo dizer que normalmente temos a tendência de rotular e eternizar as dificuldades com uma afirmação assim: “É difícil e “Não consigo”, desse jeito não nos ajudamos a superar a dificuldade, e normalmente fazemos isso com outras coisas também, eu muitas vezes me pego em situações assim. O nosso cérebro funciona bem com afirmações positivas, e podemos até levar menos tempo para aprender algo, quando afirmamos: “É fácil, aprendo logo” ou “ainda não consigo fazer isso, por isso parece difícil”.
Inútil dizer que houve nova justificativa e explicações. E eu ouvi tudinho, caladinha.
Bem, eu não a estava julgando, mas entendo que no referencial de mundo que essa pessoa tem foi assim que ela se sentiu: julgada como alguém que de repente estava fazendo algo errado. Quem sabe se eu fosse amiga dela esse comentário tivesse sido melhor recebido. Não sei, mas, talvez não tivesse uma resposta defensiva.
Bem, após ouvi-la apenas disse: “que bom que gosta de desafios”.
Quantos de nós estamos fechados a observações de desconhecidos ou conhecidos? Quantas vezes, nos defendemos de coisas que não precisamos nos defender? Às vezes nem ouvimos, agente diz um “é eu sei” e blá blá blá no que nos interessa desabafar..
Comecei a me observar...
Primeiro: Esperava uma reação da pessoa, que ela entendesse de cara o que estava querendo dizer, não aconteceu assim, aprendi a lição do simplesmente jogar a mensagem e deixar rolar.
Segundo: às vezes pensamos que ajudamos. Estamos na verdade agindo por uma necessidade nossa, eu tinha necessidade de falar naquele momento, a pessoa estava bem, estava se divertindo, talvez não houvesse necessidade de intervir.
Terceiro: Poderia ter dito de outra forma?
Quarto: E quando nós somos os estranhos “ajudados”, como nos comportamos?
Quinto:Como normalmente reagimos às criticas e observações de conhecidos, amigos ou “desconhecidos”?
Desarme-se!
Primeiro ouça e sinta se é pertinente. Pode ser que alguém verdadeiramente esteja querendo ajudar. Caso em contrário, não aceite “o presente” deixe com o outro, diga um: “hum hum”, e siga seu caminho.